03 junho 2007

picado


06 abril 2007

MODELO MENTAL E MODELO CONCEPTUAL

Arquivo pessoal, Gribaltar 2004

Perante esta polissémica imagem informativa, que modelo se pode avaliar ou formalizar perante a sua leitura ? Sendo esta placa informativa e orientadora de transito, colocada sobre uma curva apertada, a primeira ideia que surge é de que para a ler e interpretar por completo, é impossível fazê-lo durante os brevíssimos segundos em que uma viatura por ela passa mesmo em velocidade reduzida, e quem insistir nessa tentativa sem parar o veículo, vai ter concerteza um acidente por despiste.
O que pretende o autor desta esta placa informar ou explicar ? Será que pretende incutir no espírito dos interpretantes a riqueza dos pontos importantes a visitar na sua terra, ou pretende apenas ajudar o interpretante a orientar-se ? Nesta dualidade interpretativa o autor da placa construiu um modelo conceptual ou um modelo mental ?
A informação nela patente é diversificada, é icónica quanto baste com macacos, igrejas e grutas; é indiciadora porque indica uma direcção a tomar, além de indiciar um farol orientador; contem também um símbolo de guerra com a representação de um canhão.
Se viajar de carro tenho de desistir de formalizar qualquer modelo mental sobre a escolha e opções do caminho a seguir, não tenho tempo suficiente nem eficiente de assimilar em abstracção, nem de planear convenientemente aquilo que pretendo fazer ou optar, perante aquilo que me é dado a observar para interpretar e fazer inferências, além disso no balanço icónico de interpretação e de índice, até se confunde se a seta indicadora do sul é realmente uma seta, ou se pretende informar da presença a visitar de um obelisco, ou de um pelourinho.
Parei o carro mais adiante, retrocedi a pé, e de um modo elaborado, conjecturado e comparado com a informação complementar patente no folheto turístico auxiliar, orientei-me pelos pontos cardeais, tomei as minhas decisões e prioridades, e construí o modelo mental do mapa a seguir, e defini a ordem sequencial das coisas, perspectivei mentalmente a visita de cima para baixo, e fico agora a meditar que apesar de uma densa e intensa dose de informação, pouco ou nada se promove ou acontece em termos de semiótica cognitiva ou seja, toda a polissemia presente confunde e atrapalha, não permitindo uma cognição indutora no sentido lato do termo. As próprias legendas de complemento aos símbolos em nada ajudam, com excepção do nome do santuário, Europa Point, Upper Rock e South, existem em qualquer parte ou lugar do mundo desde o Pólo Norte ao Pólo Sul
Não pode pelos argumentos apresentados, esta imagem ser um modelo conceptual que ajude ou induza à formalização de um modelo mental esquemático, porque afinal nem sequer propõe opções direccionais, todos os motivos representados por signos, afinal são na mesma direcção.

06 março 2007

QUENTE E FRIO

Vista aérea de Madrid, arquivo pessoal, Fevereiro de 2005

"Autentico" casamento indiano, arquivo pessoal, Fevereiro 2005

Nada melhor que um contraste para enquadrar uma teoria ou um tema, neste caso "As representações visuais"

Duas imagens em antagonismo diabólico, uma delas carregadíssima de função estética, com alguma relativa simbologia, e outra em absoluta e unívoca função epistémica.
Uma delas plena de retórica, enquanto a outra nada argumenta, só constata.
Uma com participantes representados e fazendo grande interacção, outra sem participantes representados e muito pouca interacção.
A estrutura narrativa de ordem reaccional bem patenteada nas feições, no vestir, e até nas etiquetas de lapela dos noivos, e outra absolutamente conceptual sem qualquer acção ou vetor indicativo. No entanto podemos considerar o traje dos noivos como um global conceptual , pois ele representa de algum modo uma etnia.
Ainda na análise das interacções, o contacto é fortíssimo, uma distancia social curtíssima, e ainda que o olhar dos noivos não seja directo à minha câmara, era directo a outras câmaras, o ligeiro perfil não é intencional.
Por último, a modulação e a composição cromática, com os noivos tudo é cor e predominantemente "quente", há uma exacerbada policromia desde o tecto ao chão, parede de fundo, passando pela maquilhagem, pelo traje, adereços típicos, flores, nada sobra de espaço vago ou incolor, enquanto reforço da mensagem de felicidade.
Em contraste, a vista aérea, é de uma tristeza infinita, confunde-se com um triste mapa, é monocromática, amorfa, fria, com distância social infinita, nenhum elemento ou informação se destaca, à excepção ligeira de um rio, e de um caminho de ferro, mesmo para uma simples identificação local é necessário uma legenda auxiliar (âncora), enquanto que a imagem dos noivos dispensa efectivamente qualquer legenda, ela "fala" prolixamente por si própria.

23 fevereiro 2007

Texturas

A propósito de texturas - o significado unido ao significante.
Um exemplo vegetal em ritmo quase fractal, representado na casca de uma árvore, monocromático, de luminosidade contrastante, alguma mácula acentuada por dois abrigos de insectos, como dois olhos num rosto humano, evidenciando-se na hachura natural.
Tudo lá está, tridimensionalidade, táctilo-motricidade e expressividade.
Esta imagem pode reflectir todos os parâmetros em análise e quantificação de signo plástico, sobre os quais o Grupo μ se pronunciou, resumindo-os em dois grandes grupos, formèmes e chromèmes.

Arquivo pessoal, Gerês, Novembro 2006

20 fevereiro 2007

Reflexão sobre o signo icónico

Conjecturas, estiramentos e contracturas acerca de significados e definições de signo, em semiótica.

O Signo

a sua definição apoquenta
que nos esfria e esquenta
que nos seca e unguenta
mas não enche, nem rebenta

Humberto Eco tem uma boa definição para este tormentoso rimado bipolar:
« - A grande crise da semiótica é e será a definição da noção de signo, o signo até nem existe, mas não podemos viver sem ele », e ainda mais afirmou :
« - A teoria dos signos ainda está para nascer»
Saussure tem outra definição tão ou mais tormentosa:
« - Todo o signo é arbitrário ».
Desta «crise» de definição de signo, vamos desaguar por inerência a outras «crises» de definições relacionadas com semiótica.

O grupo μ, constituído por uma plêiade de pensadores da semiótica, uniu esforços e lançou um projecto de um tratado conducente a uma regulamentação consensual de definições técnicas desta área.
Desse TRATADO DO SIGNO VISUAL, escolho algumas dessas definições como complemento de interpretação de um outro post neste blog, sobre definição de signo icónico.

A similaridade; Segundo Eco e Grombrich, similaridade é um processo visual e plural de determinações, que se podem fazer a partir de um sistema simbólico determinado, ou seja, decorre da caracterização que possamos fazer de um código iconográfico, ou exagerando ainda de uma forma redutora, posso interpretar o que eu vi ou li, com toda a liberdade e sem penalizações.
Sendo assim posso dizer para mim, que qualquer homem de braço ao peito, personifica Napoleão. E que se estou metido num «buraco», posso estar refugiado e seguro saindo quando quiser, assim como posso estar exposto a uma grande e difícil trapalhada de onde dificilmente sairei.

A semelhança, outra definição complexa transversal à linguística, à matemática e à semiótica.
A definição pela linguística aponta para parecenças, um algo ou um todo de propriedades abstractas ou concretas em comum. A semelhança pela matemática é mais rigorosa, semelhante é aquele que tem a mesma forma em ângulos ou curvas, com todas as dimensões em absoluta correspondência proporcional e independentemente da posição espacial. Dois círculos são sempre semelhantes, dois rectângulos nem sempre. Pela semiótica, semelhança significa um fenómeno em que somos expostos simultaneamente a duas experiências sensoriais ou estímulos, uma de ordem psicológica e outra de ordem visual, desta conjugação dual e complexa podem emergir as mais variadas interpretações em cada caso específico, qualquer coisa pode representar qualquer coisa, reservando-se no entanto um estatuto de quem é o original e quem é o semelhante, ou seja só há análise num dos sentidos, um retrato é semelhante ou não a uma pessoa e raramente ou nunca a análise no sentido contrário, ainda no âmbito da mesma reserva, ninguém se representa a si próprio, do mesmo modo um mapa é semelhante ou não a um território e nunca o contrário.

A cotipificação, citada no referido diagrama, é outro elemento variável na análise de verosimilidade de um signo icónico. A cotipificação significa o elevado ou baixo nível de comensuralidade da relação entre o significante e o referente, garantido através do tipo, que com eles obrigatoriamente se interrelaciona.

As marcas, são uma outra referência a estímulos facilmente descritíveis, geralmente de pormenor e distintivas, mas que fazem parte integrante de um significante icónico como um todo, concorrendo para a identificação de um tipo. Estas marcas podem ser de natureza cromática ou textural, estas marcas podem contribuir para a acima citada, cotipificação. Tomando como exemplo simples, uma representação de uma cabeça qualquer, mesmo a preto e branco pretendendo representar apenas uma figura masculina, fica imediatamente com a classe alterada, se lhe acrescentar uma pena de ave ( a marca ), a simples pena de ave garante no tipo, a nova equivalência entre referente e significante . transforma-se por adjunção de homem, em índio

Transformações, outra terminologia utilizada no post em diagrama, transformações são operações executadas sobre a unidade principal ou o todo, essas operações descrevem-se segundo os operadores lógicos básicos (adjunção; supressão; supressão-adjunção e permuta). Há quatro famílias de transformações:
a) As Geométricas exemplificadas por: Translação, Rotação, Simetria, Homotetia, Deslocação, Semelhança, Congruência e Projecção.
b) As Analíticas : Diferenciação e Filtragem ( se for incompleta chama-se Discretização ).
c) As Ópticas : Iluminação, Contraste, Profundidade de campo, Nitidez, e Zona de visão nítida.
d) As Cinéticas : Integração, Anamorfose, Multiestabilidade, Tramas, Hachuras, Conceitos de proximidade e/ou de distância.
Também é referido que uma transformação é simplesmente retórica, pois é comparável aos exercícios de eloquência linguística, quando por exemplo se representam e factualizam representações de três dimensões, em planos de duas dimensões, um conflito permanente em arquitectura e pintura.

Prova de conformidade, sendo o tipo um conjunto de paradigmas, há forçosamente uma confrontação de estímulos visuais entre um objecto singular e um modelo geral, assim como o interpretante fará ou não hipóstases de manifestações sensoriais experimentantes ( tanto na interacção referente-tipo, como na significante-tipo), e dessa quantificação de confrontação e de experimentação, atinge-se ou nasce uma taxa de identificação minimal, que ratifica ou não como prova de conformidade, a verosimilidade de um signo.

Muitas mais definições ou complementos seriam necessários para resumir a tarefa do grupo μ, mas ficamos por estas com o objectivo primaz, como acima se disse, de melhor interpretar o diagrama de definição de signo icónico em paralelo neste blog.

19 fevereiro 2007

O signo icónico, sua composição e funcionamento


Este diagrama não pretende, nem pode dominar toda a explanação teórica relacionada com a definição problemática, e não consensual de signo ou signo icónico, ele resume simploriamente a proposta do Grupo μ em construir essa definição.
A relação triádica esquematizada em : Significante icónico, Tipo e Referente mostra a sua inter-relação e definição sumária, além de uma exemplificação com um «gato».

15 fevereiro 2007

A impressão segundo Walter Ong













Walter Ong – Oralidade e cultura escrita - reflexão


Impressão, Espaço e Fechamento

Após a leitura integral deste livro, uma primeira impressão me fixou na memória, a de alguma tristeza por alguém que fez uma prova de que Homero, afinal, não era um poeta, mas sim um habilidoso da fonética métrica. Desencantos…
Registei uma segunda impressão, temporal, essa bem mais prosaica que poética, o comparativo impacto social na «aldeia global» da passagem da fala à escrita, e da passagem do manuscrito e privado, ao impresso e público, são de facto duas situações pontuais de absoluta singularidade na história social do homem. Há mesmo quem compare as apreensões de Platão ao seu tempo sobre a escrita, aos pessimismos de Hieronimo Squarciafico “ a abundância de livros torna os homens menos atentos, destrói a memória e enfraquece a mente “
Um último e forte terceiro registo de dualidade: a da escrita que nasceu da fala, até à fala que emerge da leitura escrita, e suas curiosas etapas transitórias, poder-se-á dizer que o discípulo «aprisionou» o mestre ?
Este texto tem por objectivo uma reflexão sobre o capítulo 5, Impressão Espaço e Fechamento, do livro – Oralidade e cultura escrita – Walter Ong .
A minha opção temática foi em busca dos predicados atribuídos pelo autor ao termo “impressão” enquanto substantivo e sujeito.


Eisenstein – A imprensa implementou a Reforma protestante e reorientou a prática religiosa.
Aqui temos um caso em que a religião beneficiou da impressão, para depois séculos mais tarde tudo se inverter e renegar, dando lugar aos conhecidos autos de fé .
A imprensa afectou o desenvolvimento do capitalismo moderno, alterou a vida social, mudou a vida em família.
Quanta alteração social contida neste parágrafo, uma verdadeira revolução.
A impressão difundiu o conhecimento e afectou a consciência .
As mentes preenchidas e em convulsão.
A impressão sugere que as palavras são coisas.
O abstracto e o concreto em discussão filosófica.
A impressão constituiu a primeira linha de montagem .
A industrialização: letra, letra, palavra, palavra, linha, linha, folha, folha.
A impressão serve para reciclar o conhecimento.
A reciclagem pela voz (som) só surgiu 4 a 5 séculos mais tarde.
A impressão reificou a palavra.
Mais filosofia do abstracto ao concreto.
A impressão encerra as palavras em uma posição fixa nesse espaço, numa matriz rígida, num alinhamento irrepreensível, não tem o arredondamento nem o “esguiamento” caligráfico do amanuense, é “justificada”.
Nasceu aqui a burocracia ? As letras e palavras como soldados e batalhões imóveis numa parada, mas prontos a sair para guerra ?
A impressão favorece a leitura rápida e silenciosa, e inerentemente uma relação diferente entre o leitor e a voz autoral do texto.
A cumplicidade ou o distanciamento “à vontade do freguês”
A impressão envolve muitos recursos humanos e materiais orientados para o consumidor.
Do artesanato individual à produção massiva.
A impressão moldou um novo mundo noético espacialmente organizado.
A passagem da elocução à coisa, novamente a filosofia.
A impressão implementou as descrições expressas com precisão, assim como de processos complexos.
A grande qualidade por pouco dinheiro, o milagre económico.
Com a impressão nasce o normativo espaço em branco no papel .
Aqui é o leitor a decidir o que fazer ao espaço das margens, deixá-lo imaculado, preenchê-lo, ou assinalando simples marcas, os monges copistas por convicção de intervenção pessoal, sempre acrescentavam algo na margem para o próximo copista ou para o leitor.
A impressão produziu a poesia concreta.
A antítese do parágrafo anterior, não há espaço em branco normativo, todo o espaço é válido para a expressão.
A impressão tirou a antiga arte da retórica ( fundada na oralidade ) do centro da educação académica.
O clímax da transmissão do conhecimento a qualquer hora e em qualquer lugar.
A impressão estabeleceu o clima em que nasceram os dicionários, produziu-os exaustivamente e alimentou o desejo de legislar sobre a correcção da linguagem.
Mais uma consequência burocrática «pesada», nascida de um objecto que nasceu para ser «leve», e que leva à questão que registei em terceiro lugar, o discípulo que «aprisiona» o mestre.
A impressão constitui um factor importante da percepção da privacidade pessoal, produzindo livros mais pequenos para o cenário da leitura individual.
Mais uma alteração social e psicológica de relevo, da leitura e audição pública em voz alta, para a leitura em silêncio privado.
Com a impressão começa a pirataria intelectual ( plágio ) massiva .
Como é actualíssima esta questão com 5 séculos !
A impressão retirou as palavras do mundo do som, onde tinham afinal nascido.
Uma autentica mudança de estado, comparável ainda que generosamente ao fenómeno químico da deposição.
A impressão favorece uma sensação de fechamento e ou de finalização.
O que está dito ( escrito ), dito ( escrito ) está, e repete-se infinitamente e conclusivamente assim. A mensagem do autor perdura infinitamente até depois da sua morte, inalterável, os apontamentos marginais não são de sua conta, as ilações ficam por conta de cada um, o autor não está lá ( ou cá ) para as rebater. Por último, uma história tem que ter um «fim», um estudo tem que ter uma conclusão, nada é editado sem estas componentes, não se dando o fechamento não vale a pena publicar, é um logro.
A impressão origem à moderna questão da intertextualidade.
Os dicionários e as enciclopédias impressas, são a primeira forma de intertextualidade, aqui a leitura não tem de ser linear, podemos saltar linhas, páginas e capítulos à medida da nossa necessidade de procura.

Com a impressão surgiu a utilidade e o mercado para as obras “menores”, como o catecismo e o manual .
Aprender um ofício ou um credo, de modo individual e pragmático, foi também um grande avanço para a evolução humana, cada um aprende de per si o essencial a um qualquer modo de (sobre)vivência, e sem custos de mestre…
A impressão fez nascer o ponto de vista fixo e o tom fixo.
Ou seja o leitor é cúmplice do autor, quando segue a leitura até ao fim, por mais que o autor devaneie no seu caminho e estilo. Não há dúvida, nem suspeita de que faltará «um final, um fechamento». Esta cumplicidade também já se verifica actualmente nas edições electrónicas, ou seja uma outra forma moderna e recente de «impressão».


Conclusão : Apesar deste somatório de predicados e elogios à «impressão», que nasceu da fala para depois crescer e aprisionar a própria mãe, emerge um valor inquestionável, não fala bem quem não lê.

30 janeiro 2007

Agonística

28 janeiro 2007

O conceito de signo em Peirce

Esta é uma tentativa de representação num só ícone, de toda a teoria e conceito de Peirce, provavelmente acharão uma utopia ou um devaneio gráfico, no entanto fiz os possíveis por corresponder à interpretação em síntese que dessa teoria fiz, ou seja, para treinar, trabalhei apenas só com signos, dêem sugestões para corrigir, e eu envio o original em CAD... palavra de mestrando.

17 janeiro 2007


Escavando encontrarei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte

16 janeiro 2007

A natureza da imagem
A casa como imagem, versus, a imagem como casa
O que é para nós uma casa ? Um símbolo ? Uma imagem ? Um lugar ? Um emblema ? Um sonho ? Um objecto ? Um património ? Muitas questões se podem pôr nesta reflexão sobre a natureza da imagem, do naturalismo ao construtivismo radical.
Se estamos numa comunidade socialmente equilibrada, a casa é construída à imagem e cópia das restantes, se a comunidade é desiquilibrada e competitiva, elas serão construídas sempre em tamanho diferenciado, retratando a diferença social. Se acomunidade não é tecnológicamente ou académicamente evoluída, a casa terá uma imagem tosca, remendada, não planeada, assimétrica, se pelo contrário a comunidade é evoluída, a casa terá uma leitura geométrica, com um estilo prédefinido, e até será possível catalogá--la por século ou por década em que foi construída.
A imagem de uma casa pode revelar até uma etnografia, um clima, uma região. Cubata, igloo, castelo ou pagode, são facilmente referenciáveis aos respectivos continentes a que pertecem, por exacta associação visual que temos com esses lugares.
Mesmo no nosso ego, o que referenciamos como sonho de casa ? Aquilo que imaginamos ver de dentro para fora, como se estivéssemos lá dentro? Ou aquilo que sonhamos em ver por fora como se estivéssemos cá fora ? Ou ainda sonhamos simplesmente com as variadas formas e funções do seu interior ? Como é complexa a construção da imagem da casa dos nossos sonhos !
E quando o arquitecto que contratamos não percebeu nada daquilo que nós lhe explicamos com tanto empenho, por gestos ou por comparações de modelos ? Porque leu e interpretou ele, imagens tão díspares da nossa convicta e ambicionada descricção prévia ?
E do meio desta encruzilhada de interpretações ( Wunenburger ), avançamos para o caso extremo, o sem legenda, o sem referência, o sem estilo, aquele apenas que aplica o carimbo económico do pensador isolado, pragmático e utilitarista.
Os edifícios dos nossos bairros (ditos) sociais, do norte ao sul do país, de S.Petersburgo a Paris, ou de Zagreb a Nova York, são isso mesmo, são edifícios da classe dos construtivistas radicais, todos iguais, sem diálogo, sem referência externa (Von der Glasersfed, 1950-1970), relativamente ao meio envolvente ou ao utilizador.
Estas quatro fotos mostram a evolução do naturalismo ao construtivismo radical enquanto imagem de habitação.
A casa como imagem de abrigo - Kénia
A casa como imagem de trabalho e vivência - Lago Titicaca
A casa como imagem do senhor feudal e colonial - Kénia
A casa construtivista sem referencias externas - ( só eu sei ... )



14 janeiro 2007

Uma imagem , 27 palavras ( só ?).

É a minha primeira contribuição e simultaneamente um desafio de interpretação.

Esta é uma das minhas fotos preferidas do meu arquivo pessoal e que me parece que se adequa a um ponto de partida de uma discussão. Meditei algum tempo sobre ela e debitei tudo o que me surgiu sem qualquer restrição, certamente que a lista das 27 palavras é muito curta, muitas mais estarão certamente contempladas com a vossa colaboração.

A minha lista :

Imagem , Símbolo , Informação , Lazer , Perigo , Natureza , Estupefacção , Ícone , Desleixo , Enigma , Buraco , Deterioração , Matriz , Legenda , Corrosão , Céu , Praia , Mar , Pesca , Luz , Sombra , Lugar , Hipótese , Alternativa , Frescura , Grafismo , Étimo.